terça-feira, 30 de agosto de 2011

Ações da Pastoral da Criança contribuem para diminuir desnutrição


Pastoral da Criança acompanha desenvolvimento das crianças
O país recorda o Dia de Combate à Desnutrição, nesta segunda-feira, 29, com sensação de vitória. A desnutrição infantil aguda, entre crianças de zero a cinco anos, diminuiu 90% nos últimos 30 anos, segundo o estudo Saúde Brasil 2009, divulgado pelo Ministério da Saúde, em dezembro do ano passado. Os dados também apontam a redução de 70% dos casos de desnutrição crônica, nesta mesma faixa etária.

De acordo com o médico epidemiologista e coordenador adjunto da Pastoral da Criança, Dr. Nelson Arns, a evolução da escolaridade da mãe, investimentos na prevenção de doenças, saneamento básico e a melhoria na renda das famílias foram questões imprescindíveis para diminuir a desnutrição no país.

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.: PODCAST: Dr. Nelson dá mais detalhes sobre a desnutrição infantil


A Pastoral da Criança, criada em 1983, pela médica Zilda Arns, começou um trabalho de acompanhamento de crianças desnutridas e de suas respectivas famílias, o que contribuiu para vencer o problema.

"O fato da mãe ter condições para estudar, e assim, conhecer os mecanismos da doença, permitiu que ela cuidasse melhor do seu filho, e a Pastoral ajudou a suprir essa lacuna na formação da mãe", explica o coordenador.

Outro aspecto importante foi que a Pastoral da Criança conseguiu provar que era possível evitar doenças na comunidade, investindo na prevenção e ensinando às mães métodos simples para cuidar da saúde dos filhos.

Embora a desnutrição não tenha sido extinguida, Dr. Nelson explica que ao contrário do que se via no passado - onde todos passavam fome e era necessário combater o problema de forma coletiva -, atualmente os casos são mais específicos de famílias que não tem condições.

"[Atualmente] é mais uma questão pontual e de falta de solidariedade para ajudar essa familia que tem dificuldades, do que um problema de desnutrição por falta de comida", ressalta.

Outro fator é a questão da saúde das crianças. Segundo o médico, ao começar a acompanhá-las, é preciso verificar se há alguma doença que esteja impedindo seu bom desenvolvimento, como problemas cardíacos ou problemas de absorção dos alimentos.

Desnutrição no ventre materno

Segundo Dr. Nelson, atualmente outro tipo de desnutrição está preocupando os médicos, é a que acontece durante a gestação. Ele conta que, recentemente, participou de um Congresso Internacional de Epidemiologia, que abordou esse assunto.

"Lá se falou que a desnutrição na barriga da mãe tem um efeito muito forte sobre o futuro da criança. Se a criança passa um pouco de fome na barriga da mãe, ela nasce com menos células no fígado, nos rins, no pulmão e com isso será um adulto que vai ter muito mais problemas cardíacos, problema renal, doença crônica e problemas metabólicos", destaca.

O fato triste, para o médico, é que essas crianças estão nascendo com desnutrição, não por falta de comida, mas sim porque muitas mães optam por não engordar na gestação. "Como se manter a estética fosse mais importante do que o resultado final sobre o bebê", enfatiza.

O médico esclarece que, no mínimo, a mãe precisa engordar nove quilos durante a gestação. Isso é necessário até, para que depois do nascimento, o bebê tenha uma reserva de nutrientes, que ganhará da mãe durante a amamentação.

Outro fator que causa essa desnutrição é quando a mãe é fumante. "Está mais do que provado que o cigarro diminui o peso da criança e prejudica sua nutrição dentro da barriga", enfatiza o médico.

Dr. Nelson elucida porque isso acontece: "Vamos entender assim: o cigarro é um veneno que passa pelo cordão umbilical para a criança e, para tentar proteger o bebê desse veneno, o cordão umbilical fica mais estreito, para passar menos sangue e menos veneno para a criança. Só que com isso o bebê recebe menos nutrientes e começa a passar fome. E isso vai prejudicar o funcionamento do seu organismo pelo resto da vida".


Obesidade infantil

Um problema que tem aumentado de forma preocupante, no Brasil, é a obesidade infantil. O médico explica que, muitas vezes, o sobrepeso é visto como se fosse "culpa" da pessoa, por ela estar comendo demais ou fazendo pouco exercício, mas essas não são as únicas causas. A desnutrição durante a gestação e uma má amamentação também contribuem para a obesidade.

Dr. Nelson salienta que foi feito um estudo interessante na Inglaterra, onde crianças que nasceram prematuras e que as mães optaram por não amamentar, foram acompanhadas por 14 anos. Algumas dessas crianças foram alimentadas com leite de lata e outras através do banco de leite materno.

"Aquelas crianças que receberam, enquanto estavam no hospital, o leite materno, aos 14 anos de idade, tinham muito menos diabetes, pressão alta e sobrepeso", afirma.

Isso mostra que a amamentação também interfere no futuro da criança. "Esse aleitamento materno nos primeiros meses de vida já decide como é que o adolescente vai ser. A maior parte desses problemas é consequência dos cuidados na gestação e no aleitamento materno logo depois do nascimento", diz.
Mas se a criança não recebeu uma boa nutrição na barriga da mãe ou não foi amamentada como deveria, a Pastoral da Criança destaca outro caminho para evitar a obesidade infantil. "A criança precisa de uma dieta muito balanceada - frutas e verduras, e precisa também ter um espaço seguro para brincar".

Dr. Nelson ressalta que a pastoral está sugerindo que os pais pensem, em algum horário, se possível todos os dias, para que as crianças possam brincar ao ar livre, com outras crianças. "Com isso a criança fica muito mais feliz por ter interação com outras crianças, chega em casa cansada, tem o que contar e dorme melhor", salienta.
Fonte: www.cancaonova.com

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