sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Nona meditação: escutar a sede das periferias

  “É essencial estar com olhos bem abertos à realidade do mundo que está em torno a nós.” “É essencial estar com olhos bem abertos à realidade do mundo que está em torno a nós.” 






Com estas palavras, o padre José Tolentino iniciou a nona meditação no retiro do Papa Francisco com seus colaboradores da Cúria Romana. Ele ressaltou que a “voz de Deus deverá sempre confrontar-se com a pergunta feita as origens: onde está o teu irmão?”
Um dos exemplos importantes que o pregador chamou à reflexão foi o problema da falta de água nas grandes periferias do mundo. Cita um pequeno trecho da Encíclica de Papa Francisco, Laudato Si, sobre este tema: “Um problema particularmente sério é aquele da qualidade da água disponível para os pobres, que provoca mortes a cada dia”.   E afirma que “diante da sede das periferias, urge adotar uma autêntica conversão dos estilos de vida e de coração”.
Em outro tema importante da meditação sobre as periferias, o padre José recorda que Jesus é um “homem periférico”, de que Ele também foi um homem de periferia.
Jesus “não nasceu cidadão romano, não pertencia ao primeiro mundo da época, nasceu em Belém, e em Nazaré, de onde recebeu o nome, é tão insignificante em ser uma das raras localidades da Palestina. Quem escutava falar de Nazaré mostrava um ar sarcástico e perguntava, fingindo uma perplexidade: de Nazaré pode vir alguma coisa de bom? ” (Jo 1.46)
Jesus viveu completamente esta realidade de periferia, desde o seu nascimento até o momento de sua morte. Era da periferia de Israel e consequentemente da periferia do Império, do domínio romano.
Porém “a mensagem de Jesus, pega aquela via do mundo periférico. Marcos, autor da primeira narração evangélica, põe o encontro de Jesus ressuscitado com os seus discípulos ainda na periferia: ‘Ele os precede na Galileia. Ali os verão, como os disse’” (Mc 16,7).
E convidou a recordarem que a partir de Jesus, o cristianismo também se encontra em uma realidade periférica.
“O território transformou-se, e não é mais o que era antes. A população mudou de lugar. Em torno às catedrais, por exemplo, não há mais a verdadeira vida: os centros urbanos se tornaram um polo de atividades burocráticas e comerciais.”
“Também nestes lugares a Igreja é chamada a sair de si mesma e descobrir um novo ardor missionário.”
Segundo o pregador, a Igreja do Século XXI será certamente mais periférica, e nos desafiará a redescobrir que as periferias não são vazias do religioso, mas os endereços de Deus.
Dentre todas as periferias, o pregador relata várias experiências nas diversas partes da cidade, desde o abandono aos índices de criminalidade, doentes e presidiários, que para ele são periferias onde a Igreja está presente.
“Ali onde se encontra a vulnerabilidade humana devemos ser cada mais o rosto de Cristo.”
Padre José fala do perigo da separação da vivência do Sacramento da Eucaristia do Altar, com o sacramento da vida  dos pobres, citando Dom Helder Câmara, que com estas palavras exortava a Igreja do seu tempo: “O que fizemos da Igreja de Cristo? Como pode a multidão dos excluídos, dos esquecidos, dos sem tetos, dos sem nada, crer ainda que o Criador é um Pai que os ama, se nós, nós que ousamos dizer-se cristãos, nós que temos tudo, continuamos a deixar seus pratos vazios…, não sejamos somente crentes. Busquemos ser credíveis”.   
Por fim, recorda que a humanidade necessita ser abraçada, principalmente aquela que está ferida, quando se sente leprosa, diminuída, sufocada pela exclusão e pelos estigmas. E podemos dizer com a nossa presença simples e fraterna: Estou aqui, não estás sozinho.
Por Vatican News

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