sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Papa pede valorização da família tradicional



Cidade do Vaticano — O Papa Francisco pediu nesta quinta-feira que os cardeais convocados em consistório valorizem a família tradicional, que, segundo ele, "é desprezada, maltratada", mas continua sendo "o plano luminoso" de Deus.
Cerca de 150 cardeais do mundo inteiro responderam ao chamado do Papa e se reuniram nesta quinta-feira na Sala do Sínodo, no Vaticano, para o primeiro dia deste consistório dedicado à família.
A polêmica questão dos divorciados que voltam a se casar e seu acesso à comunhão foi um dos assuntos abordados pelo cardeal alemão Walter Kasper, que iniciou os trabalhos com uma reflexão de duas horas.
Contudo, o prelado não mencionou a união entre homossexuais, segundo o porta-voz da Santa Sé, o padre Federico Lombardi.
Coube a Kasper, a pedido do papa Francisco, indicar os caminhos teológicos para a reflexão dos cardeiais.
Sobre os divorciados que se casam novamente, o cardeal Kasper, "em profunda sintonia" com o Papa sobre as questões da família, convidou os cardeias a "encontrar um caminho respeitando o binômio" da fidelidade à palavra de Cristo sobre a sacralidade do casamento, e da misericórdia, prioridades do Papa, de acordo com o padre Lombardi.
O prelado alemão ressaltou que "as dimensões pastorais e jurídicas (do direito canônico) não devem estar em oposição" para os divorciados que voltam a se casar, convidando-os a ir além do "rigor", informou o padre Lombardi.
Ao dissertar sobre a visão bíblica da família, o cardeal Kasper seguiu as recomendações do Papa, que havia convidado a "uma profunda reflexão que não se perde na casuística".
"Trata-se de evitar uma fragmentação do discurso sobre situações muito específicas", o que seria o caso se "situações difíceis fossem listadas", acrescentou o porta-voz.
O esforço não consiste em repetir uma doutrina bem conhecida, mas retornar ao que é a "essência" das posições da fé cristã sobre a família, o Evangelho, insistiu.
Como de costume, o Papa emitiu uma mensagem concisa ao consistório, clara e enérgica.
"A família é atualmente desprezada, maltratada, e o que nos pedem é que reconheçamos como é bonito, verdadeiro e bom formar uma família, ser uma família atualmente, que é indispensável para o futuro da humanidade. Pedem-nos que coloquemos em evidência o luminoso plano de Deus sobre a família", afirmou o papa Francisco.
O Papa argentino explicou em poucas palavras, apoiando-se na mais pura tradição bíblica, a união de Adão e Eva, a ideia de descendência.
"A família é a célula básica da sociedade humana. Desde o princípio, o Criador colocou a sua bênção sobre o homem e a mulher para serem fecundos e se multiplicarem sobre a terra; e assim família representa o mundo como um reflexo de Deus", acrescentou.
Os cardeais realizarão várias sessões de 10 horas até sexta-feira sobre o tema da pastoral familiar, diante das delicadas evoluções na sociedade (divórcios frequentes, contracepção generalizada, convivência fora do casamento, casais homossexuais).
Este consistório é a primeira grande cúpula da Igreja católica desde o conclave que elegeu Francisco no dia 13 de março de 2013 para substituir Bento XVI.
No sábado, na Basílica de São Pedro, o Papa entregará 18 barretes a seus novos cardeais. O velho cardeal Loris Francesco Capovilla, de 98 anos, não poderá estar presente.

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