Rádio Vaticano
Fundador do jornal italiano La Repubblica, Eugenio
Scalfari e o Presidente do Pontifício Conselho para Cultura, Cardeal
Gianfranco Ravasi
Foi realizado em Roma, nesta quarta-feira, 25, o ‘Pátio dos Gentios’ dedicado aos jornalistas.
No centro do encontro, esteve o diálogo entre o Presidente do
Pontifício Conselho da Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi e o fundador
do jornal italiano ‘La Repubblica’, Eugenio Scalfari. O ‘Pátio dos
Gentios’ é a estrutura criada por Bento XVI para promover o diálogo
entre crentes e não-crentes.
“Não
estamos aqui para convertermo-nos mutuamente, mas temos em comum a
convicção que as nossas posições diversas devam ser fermento para uma
terra que tem necessidade de ser fertilizada”. Assim, Eugenio Scalfari
concluiu seu diálogo com o Cardeal Ravasi, com o qual confessa ter, há
muito tempo, um território espiritual e mental comum.
O fundador do ‘La Reppublica’ havia aberto a conversação destacando ser ‘enamorado’ de Jesus desde que, na juventude, escolheu abandonar a fé. Recorda ter praticado, forçosamente, os Exercícios Espirituais na Casa do Sagrado Coração em Roma, onde encontrou refúgio como renitente à onda fascista. “Devo muito àqueles jesuítas que me ensinaram a raciocinar – confessa Scalfari – mas sou enamorado dos franciscanos”.
O fundador do ‘La Reppublica’ havia aberto a conversação destacando ser ‘enamorado’ de Jesus desde que, na juventude, escolheu abandonar a fé. Recorda ter praticado, forçosamente, os Exercícios Espirituais na Casa do Sagrado Coração em Roma, onde encontrou refúgio como renitente à onda fascista. “Devo muito àqueles jesuítas que me ensinaram a raciocinar – confessa Scalfari – mas sou enamorado dos franciscanos”.
O
intelectual não-crente explica assim o seu interesse pelo diálogo com
os católicos e individua na morte de Cristo na cruz o ápice da
encarnação e da mensagem cristã. É justo naquela escolha de colocar o
amor pelos outros como anterior ao egoísmo, que Scalfari encontra a
mensagem mais importante para uma sociedade onde “a taxa de narcisismo
tornou-se patológica’”.
O
Cardeal Ravasi, por sua vez, louva Scalfari pela intuição e responde
descrevendo o grito de Cristo na Cruz – “meu Deus, porque me
abandonaste? – como “o ateísmo salvífico de Cristo”, a quem – especifica
ele – a teologia justapõe a Ressurreição enquanto Cristo permanece o
Filho mesmo se não sente o Pai e assim “depõe na mortalidade a semente
do infinito”.
O
Presidente do Pontifício Conselho da Cultura retoma também o tema do
papel da Igreja na revolução da comunicação da era digital. Recorda que
Jesus nos Evangelhos, nos oferece um método quando utiliza a linguagem
breve do ‘tweet’ de modo sistemático, o roteiro televisivo por meio das
‘parábolas’ e baseia na corporeidade o seu anúncio. “Se um pastor hoje
não se interessa pela comunicação – observou – está fora do seu
ministério”.
Mas no ambiente da nova comunicação digital –
explica o Cardeal Ravasi – a linguagem da Igreja deve ter uma “nova
gramática”, mais direta, abandonando as “subordinadas”. E abrindo
caminho para esta renovada e eficaz presença da Igreja no mundo atual,
estão justamente as cartas do Papa Francisco e do Papa Emérito Bento XVI
escritas ao Jornal ‘La Reppublica’, e a entrevista do Papa Francisco à revista dos jesuítas “La Civiltá Cattolica”.
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