sábado, 1 de dezembro de 2012

Dogma: uma verdade revelada

 
São quatro os dogmas atribuídos a Nossa Senhora: Maternidade divina da Virgem Maria, Virgindade perpétua, Imaculada Conceição da Virgem, e Assunção de Nossa Senhora. Mas, o que são dogmas? Quem responde a esta e outras perguntas relacionadas a este assunto é o pároco da Paróquia de São João Batista, em Pendências, Padre Jailton Soares, em entrevista para o Jornal A Ordem.
 
A Ordem: O que são os dogmas de fé?
Pe. Jailton: O termo "dogma" provém da língua grega, "dogma", que significa "opinião" ou "decisão". Paulatinamente, a Igreja, com o auxílio dos teólogos e pensadores cristãos, precisou e esclareceu o sentido de dogma. Na linguagem atual do Magistério e da Teologia, o "dogma" é uma doutrina na qual a Igreja: quer, com um juízo solene, mediante o magistério ordinário e universal, propõe de maneira definitiva. É uma verdade revelada, de uma forma que obriga o povo cristão a crer em sua totalidade. Diz-nos o Catecismo da Igreja: "O Magistério da Igreja empenha plenamente a autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando, utilizando uma forma que obriga o povo cristão a uma adesão irrevogável de fé, propõe verdades contidas na Revelação divina ou verdades que com estas têm uma conexão necessária" (Catecismo da Igreja Católica, 88).
A Ordem: Quais são os dogmas relacionados à pessoa de Nossa Senhora?
Pe. Jailton: São quatro os dogmas, aos quais podemos chamar marianos: O primeiro deles é o dogma da Maternidade divina da Virgem Maria, proclamado em 431 por meio do Concílio de Éfeso. O segundo é o dogma da Virgindade perpétua da Virgem, reconhecida como tal no Concílio de Latrão, no ano de 649, mas solenemente, assim proclamado, no ano de 1555, com a Canstituição Cum Quorundam, de Paulo IV. O terceiro dogma proclamado, adornado pela mais alta estima e admiração de todo orbe católico, é o da Imaculada Conceição da Virgem proclamado pelo Beato Papa Pio IX, em 8 de dezembro de 1854. O quarto e último dogma, até então proclamado, foi o da Assunção de Nossa Senhora, em 1º de novembro de 1950, pelo conhecido Pastor Angélico, o Papa Pio XII.
A Ordem: O que significa dizer que a Mãe de Jesus foi Imaculada na conceição?
Pe. Jailton: Significa dizer, conforme nos ensina a própria bula da proclamação dogmática, que em previsão dos méritos de Cristo, a Virgem Santíssima, desde o primeiro instante de sua concepção, foi preservada imune de toda mancha de pecado original. A proclamação de tal verdade não surgiu como novidade ou se deu de forma desconexa, mas foi o coroamento de todo um percurso de fé e piedade experimentado pelos cristãos desde muito remotas épocas, onde a Igreja soube ouvir a voz do Espírito, que fala e age através da razão erudita dos teólogos, mas também através da sabedoria dos simples, dos humildes, que desde séculos declaram Nossa Senhora, a Imaculada.
A Ordem: Outro dogma atribuído a Maria é a "assunção ao céu". O que dizer sobre este título?
Pe. JailtonPara entendermos bem tal dogma, que se nos mostra como corolário dos demais, é preciso perguntar: o que nos que dizer Deus com a Assunção de Maria em corpo e alma no céu? A resposta é que a potência da Ressurreição de Jesus (Fl 3, 10) está já no mundo e dando os seus primeiros frutos. Ora, a Virgem Assunta é o fruto mais excelente da vitória pascal de Cristo. A Ressurreição do Filho "puxa" a da Mãe. Nossa Senhora constitui as primícias do senhorio de Cristo sobre a morte. Ela é a primeira pessoa humana perfeitamente glorificada; nela o agir de Deus não busca simplesmente o "necessário" , mas quer também responder ao "conveniente". E era conveniente que, além do Elevado na glória (Jesus), Deus nos desse mais um sinal da verdade do nosso futuro? Sim, efetivamente era. Assim, a Virgem na glória dá mais segurança à esperança cristã. Com ela nós podemos gritar com mais força: "Ó morte, onde está a tua vitória?" (I Cor 15, 54). Desta feita a morte sofre duas derrotas sucessivas: a Ressurreição de Cristo, e depois, em virtude desta, a Assunção de Maria Santíssima.
A Ordem: Na Arquidiocese de Natal, mais de dez paróquias e áreas pastorais e diversas comunidades têm como padroeira, Nossa Senhora da Conceição. Que mensagem o senhor deixa para os fiéis dessas comunidades, para que bem celebrem essa festa?
Pe. Jailton: A mensagem que deixo para os fiéis e devotos da Virgem da Conceição, especialmente aqueles que, como eu, têm a graça sem par de ser filhos de uma dessas paróquias, como a paróquia de Macau, de onde saí, é que antes de tudo se deixem encantar pela beleza da Imaculada, que é a beleza do ser humano na mais genuína originalidade, sem mácula alguma. E recordem, sobretudo, que por mais extraordinária que seja a graça que beneficiou a Virgem , não é ela senão o reflexo de uma vontade particular de Deus para todos aqueles que criou à sua semelhança. A vontade de Deus, que é amor, não é seletiva, existe para todos os que, sem exceção, querem acolhê-la. Toda obra tem um principio; Deus não derroga tal regra e coloca os esteios da Redenção na vida de uma criatura escolhida. A Imaculada surge como a primeira beneficiária da misericórdia divina a fim de que, de um lado, a salvação seja realizada e manifestada, e, de outro, que todo homem creia e espere na infinita bondade do Criador. A Sempre Virgem em sua Conceição é preservada da culpa para inaugurar um caminho novo e universal proposto a todos, como um farol que brilha num imenso mar que conduz a caridade redentora e livre de Deus que quer que todos sejam santos e irrepreensíveis, "imaculados". Tal caridade o quer e faz porque é anterior e superior a todo mal que queira sujar a imagem e semelhança de Deus no ser humano.

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