quinta-feira, 14 de junho de 2012

Dom Jaime, envia nota a imprensa sobre a eleição de 2012


NOTA À IMPRENSA

Dom Jaime Vieira Rocha  - arcebispo metropolitano de Natal, 
movido pelo zelo e solicitude pastoral para com o Povo de Deus a si confiado, frente às 
últimas  notícias veiculadas pela imprensa potiguar,  de que  algum padre do clero 
natalense  estaria disposto a participar do  pleito eleitoral que se aproxima,  como 
candidato a um cargo político,  vem, por este comunicado,  prestar os seguintes 
esclarecimento aos fiéis católicos e à opinião pública em geral:
1. É  de pleno conhecimento dos padres  da Arquidiocese de Natal as reiteradas 
exortações publicadas  pelos  Bispos que nos precederam no governo da Igreja 
Católica no Rio Grande do Norte, nas quais deixam claro a posição dessa mesma 
Igreja  vedando a participação ativa de qualquer padre em partidos políticos  ou 
como candidatos no processo eleitoral;
2. Que  a aplicação das normas da Igreja, funda-se nos preceitos canônicos a que 
todos já  conheceram, antes da ordenação, e que de livre e espontânea vontade 
aderiram  e prometeram obediência,  em benefício da promoção e manutenção
da paz e da concórdia entre os homens, fundamentada na justiça.
3. Que o  Código de Direito Canônico, que é o Direito universal da Igreja Católica, 
a que todos os fiéis obrigam-se à observar, ao tratar do que é conveniente ou não 
ao estado clerical, prescreve:
a) Cân. 285 - § 1º. Os clérigos se abstenham completamente de tudo o que não 
convém a seu estado, de acordo com as prescrições do direito particular.
b) § 2º. Os clérigos evitem tudo o que, embora não inconveniente, é, no 
entanto, impróprio ao estado clerical.
c) § 3º. Os clérigos são proibidos de assumir cargos públicos que impliquem 
participação no exercício do poder civil.
d) Cân. 287  - § 1º. Os clérigos promovam sempre e o mais possível a 
manutenção, entre os homens, da paz e da concórdia fundamentada na 
justiça.
e) § 2º. Não tenham parte ativa nos partidos políticos e na direção de 
associações sindicais (...).
Temos a convicção de que é dever de cada fiel batizado, e de 
cada padre, em particular, participar ativamente das lutas do povo pela efetividade dos 
direitos sociais básicos, como  educação, saúde, segurança e  moradia, entre outros, com 
consciência e maturidade. No entanto, torna-se imperativo para cada padre, para o bem 
do Povo de Deus, conservar  incólume  sua identidade sacerdotal, mantendo-se fiel ao 
que é específico do ministério ordenado e observando as orientações do Magistério da 
Igreja.
É votando que os cidadãos exprimem livremente a sua opção 
política. Assim, as eleições democráticas são a garantia de legitimidade no exercício do 
poder político.
Então, todos devemos colaborar para que o processo eleitoral
que se aproxima seja assumido pelos candidatos e eleitores como mais uma 
oportunidade do exercício da democracia e   da cidadania ativa, com eleições  livres, 
equitativas e transparentes.
Assim, todos temos o dever, como pastores, de animar a todos 
os cristãos a participar na vida política, enquanto que a Igreja continuará, na sua missão 
profética, a denunciar os abusos e todas as formas de chantagem no processo eleitoral. 
Podemos, sim, ser a voz crítica, objectiva e realista dos que não 
têm voz, sem comprometer a nossa imparcialidade e autoridade de pastores.  Em 
nenhum caso devemos assumir uma posição em favor de algum candidato ou  partido 
político.
Por fim, tornamos público o apelo que  fazemos a cada padre, 
que porventura esteja filiado a algum partido político, que, em nome da solicitude e 
caridade pastoral que devotamos ao Povo de Deus, realizem a desfiliação, como sinal e 
testemunho pessoal de fé e de caridade, de profunda adesão ao dever que temos de 
promover a unidade, como fruto da espiritualidade vivida, de renúncia e despojamento 
de si mesmo, em favor de toda a Igreja de Cristo.
Natal-RN, 14 de junho de 2012.

DOM JAIME VIEIRA ROCHA 
Arcebispo Metropolitano de Natal

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