Exma. Sra. Governadora do Estado, Rosalba Ciarlini
Exma. Sra. Prefeita de Natal, Micarla de Souza
Exmo. Sr. Ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho
Exmo. Sr. Senador da República, José Agripino Maia,
E demais autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, Militares do
Estado do Rio Grande do Norte e da Paraíba
Meus irmãos no Episcopado - Arcebispos e Bispos do Regional NE II e de outras
dioceses - a quem saúdo na pessoa do irmão Dom Genival Saraiva de França,
presidente deste Regional.
Caríssimos e veneráveis predecessores Dom Matias Patrício de Macedo e Dom Heitor
de Araújo Sales, que com muita honra representam hoje todos os Arcebispos de Natal:
Dom Alair Vilar Fernandes de Melo, que me batizou; Dom Eugênio de Araújo Sales, que
me crismou; Dom Nivaldo Monte, que me ordenou sacerdote.
Revmos. Srs. Sacerdotes do clero de Natal, Caicó e Mossoró e outras dioceses, e de
modo especial o Clero, os seminaristas e os fiéis de Campina Grande aqui presentes, e
aos que nos acompanham pela Rádio Caturité e pela TV Século XXI.
Caríssimos Seminaristas, Religiosos e Religiosas, Leigos e Leigas Consagradas,
Missionários e Missionárias, Catequistas, Agentes de Pastoral, lideranças comunitárias,
fiéis todos da cidade e do campo, Povo Santo de Deus, ouvintes e telespectadores que
estão acompanhando esta celebração em cadeia com a Rádio Rural de Natal e TV
União. Homens e mulheres de Boa-Vontade, todos os que desejam reunir forças para
trabalhar na construção de uma sociedade justa, pacífica e solidária, tendo em vista o
bem comum e a dignidade da pessoa humana, desejo alegria, paz e esperança em
Deus!
“Sei em quem acreditei” (Scio Cui Credidi- 2Tm 1,12)
“Eis que venho, Senhor, com prazer, fazer a vossa vontade” .
Há 16 anos, no dia 27 de janeiro de 1996, entrei nesta Igreja para celebrar a
missa de despedida de Natal e envio para o início do meu ministério episcopal e missão pastoral na querida Diocese de Caicó. Hoje, dia 26 de fevereiro de 2012, mais
uma vez, ingresso nesta Catedral de Nossa Senhora da Apresentação, chamado e
escolhido pela Santa Igreja para regressar a esta Arquidiocese, a fim de ser empossado
como seu novo Arcebispo Metropolitano.
Tudo como Deus quer. Nada sem que ele tenha permitido. Pela graça de Deus
sou o que sou” (1cor 15,10).
Sou realmente filho desta Igreja de Natal. Não apenas fui gerado por ela, mas,
também, fui formado e alimentado na vivência de minha vocação e do meu ministério,
e na minha experiência pastoral como pároco, participando das alegrias e tristezas, fé
e esperança do seu povo. O que de fato poderia parecer a alguém de outra Igreja
particular um fato extraordinário e raro, em Natal, faz já algum tempo, tornou-se uma
realidade comum e ordinária, pois com exceção do seu primeiro Arcebispo, Dom
Marcolino Esmeraldo de Souza Dantas, baiano de Inhabupe, do Clero de Salvador,
pároco da venerável e secular Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, a quem
tive a graça de conhecer como seminarista, guardando até hoje o testemunho e o
depoimento dos padres mais antigos a respeito da sua austeridade, fidelidade,
pobreza e, sobretudo, da sua paternidade, todos os demais Arcebispos foram
escolhidos pela Santa Sé dentre os membros do clero natalense.
Essa tradição, confirmada agora, mais uma vez, pelo Santo Padre Bento XVI, a
quem agradeço e renovo a fidelidade e obediência, é motivo de alegria não apenas
para mim, mas também para muitos que manifestaram sua satisfação por meio de
telefonemas, telegramas, e-mails e visitas pessoais. Foram de muito conforto e
encorajamento tantas palavras de contentamento e felicitações não só do clero e dos
irmãos Bispos, mas também do povo de Deus e dos representantes e dirigentes da
sociedade. Uma delas resume bem o que todos desejam e o que suplico a Deus nesta
Santa Missa: “Sendo filho desta Igreja particular, o amor que dedicas a sua missão será
ainda maior e sem medida a sua entrega ao povo que lhe foi confiado”.
Recordo-me desta Igreja centenária e de sua história mais recente, desde minha
entrada no Seminário, quando acompanhei muito de perto com admiração e
entusiasmo aquilo que se configurava como o Movimento de Natal, com todo seu
pioneirismo e atenção a transformação da realidade em vista da promoção da
dignidade humana e da justiça social; a criação da Campanha da Fraternidade, das
Escolas Radiofônicas, das Comunidades Eclesiais de Base já prefiguradas nas
experiências de Nísia Floresta e São Paulo do Potengi; o fortalecimento da ação e
participação do laicato católico na vida da sociedade, as reformas do Concílio Vaticano
II, a crise pós-conciliar, atingindo frontalmente a identidade do clero e as vocações
sacerdotais; as Conferências do Episcopado Latino-americano e suas repercussões na
vida da Igreja de Natal: Medellin, Puebla, Santo Domingo, e, atualmente, renovados na
esperança pelas conclusões e diretrizes pastorais do Documento de Aparecida, quando nos exortam ao compromisso com a necessidade da conversão pastoral e pessoal,
sobretudo nos motivando para uma renovação das estruturas caducas da Igreja. O fato
desta cerimônia está sendo realizada no primeiro Domingo da Quaresma deve ser
interpretado como um sinal deste compromisso de conversão e renovação eclesial.
Caríssimos irmãos e irmãs em Cristo, quero evidenciar os sentimentos que
habitam o meu coração e as recordações que povoam a minha mente ao entrar, hoje,
nesta manhã de domingo, o primeiro da Quaresma, na Igreja Catedral de Natal.
Guardo vivas na memória as lembranças da construção desta Igreja Catedral, a
cerimônia de sua Dedicação e a especial Bênção Apostólica concedida pelo Santo
Padre João Paulo II, por ocasião da sua visita a Natal para a celebração do XI Congresso
Eucarístico Nacional, no ano de 1991. Faço aqui a justa menção do árduo e dedicado
trabalho de Dom Antônio Soares Costa, Bispo Auxiliar de Natal, que ofereceu parte de
sua vida e de suas energias no desejo de ver concluída esta obra santa. Quero recordar
e reverenciar com sentimento mais profundo de gratidão e reconhecimento da
providência divina o carinho das palavras do Venerável Beato João Paulo II, escritas na
Bula de minha nomeação para Caicó: “Quanto a tua ordenação episcopal, dileto filho,
nós mesmos, com alegria, a conferiremos a ti no próximo dia 06 de janeiro, durante a
Missa Solene da Epifania do Senhor, na Patriarcal Basílica de São Pedro, no Vaticano”.
Sinto-me, portanto, agradecido a Deus por esta manifestação da sua providência e
pela certeza de contar com a intercessão do Beato João Paulo II no exercício do meu
pastoreio.
Vivendo intensamente esta experiência de fé, disponibilidade, serviço e missão,
reverencio e homenageio a vida e a memória dos meus irmãos Bispos, que, com a
graça de Deus, irei suceder no pastoreio desta querida e venerável Igreja de Natal, que
me gerou na fé, me formou para o sacerdócio e me ofereceu para a missão apostólica
pelo exercício e a graça do múnus episcopal.
Na sucessão apostólica não há substitutos e sim sucessores, cada um há seu
tempo e conforme a sua história pessoal e a sua formação humana e espiritual, para
conduzir e guiar o rebanho que lhe foi confiado. Guardando reverente a exortação do
santo Padre João Paulo II na Bula de nomeação para a Igreja de Caicó, em 29 de
novembro de 1995, reavivo na mente a minha disposição e atenção para corresponder
ao chamado do Senhor para apascentar os fiéis desta Arquidiocese com a palavra, a
ação e, sobretudo, com a linguagem confiável e persuasiva do testemunho.
Confiando mais em Deus do que em mim mesmo, em minhas forças e
capacidades, coloco-me diante do Senhor para ouvir a sua voz, ver os seus sinais e
refletir sobre os seus desígnios, considerando sempre a sua santa vontade e buscando
conhecer o que se apresenta à realização da minha missão em Natal. Foi assim que
procedi em Campina Grande, aquela querida e saudosa Igreja onde fui tão bem acolhido e com felicidade exerci o meu ministério, descobrindo e assimilando seus
dons, carismas e virtudes, pelo que manifesto a minha perene gratidão.
Ao diletíssimo Clero de Natal, a quem saúdo com toda estima, quero fazer o
louvor e o reconhecimento de suas virtudes e dons, exaltar e identificar o seu espírito
de fraternidade, unidade e solidariedade. Duas palavras quero indicar aos padres.
Primeiro o apelo do apóstolo São Paulo quando diz: “Carregai os fardos uns dos outros,
e assim cumprireis a Lei de Cristo” (Gl 6,2). Depois, o ensinamento de Santo Inácio de
Antioquia que orienta: “A unidade do presbitério com o seu Bispo deve ser tal e
tamanha que se assemelhe a uma cítara com cordas bem afinadas, cujo toque produz
um perfeito uníssono”. Asseguro que estarei aberto e disponível para o diálogo franco,
sincero e corresponsável, pois temos todos um só objetivo, que é o de colaborar com a
obra de Deus deixando-nos usar por ele como instrumentos ao seu serviço. Diante
disso, no exercício do ministério, considero falta gravíssima qualquer gesto ou atitude
de autoritarismo e falta de acolhimento para com as pessoas, que, em qualquer
circunstância, nos procurem como fiéis ovelhas do rebanho de Cristo, assim como
todos aqueles que nos diversos serviços, pastorais e movimentos representem a Igreja
Arquidiocesana diante da sociedade.
A consciência e incorporação sistemática e permanente da dimensão do serviço
na nossa vida de ministros ordenados é imprescindível para a relação com o povo de
Deus e a sociedade do nosso tempo. Almejo e recomendo à intercessão da Senhora da
Apresentação, nossa amada padroeira, um clero unido, motivado, corresponsável e
comprometido com a fraternidade presbiteral e atento às prioridades pastorais da
nossa Igreja Arquidiocesana.
Não posso imaginar que a riqueza, significado, importância e espírito do Ano
Sacerdotal não tenham nos inspirado para uma maneira nova do exercício do
ministério sacerdotal diante de mudanças tão profundas e exigentes à renovação do
ser e do fazer padre na sociedade atual. Não haveria talvez melhor e mais feliz fruto do
Ano Sacerdotal do que o despertar e o crescimento da vivência da espiritualidade,
sendo os padres reconhecidos como homens de Deus, como presença e testemunho
vivo do Senhor Jesus. Diante de um clero numeroso e jovem, precisamos respeitar as
diferenças, mas resguardando sempre a unidade e a comunhão de discurso e ação,
correspondendo àquilo que a Igreja deseja e que a sociedade espera encontrar em um
sacerdote de Cristo, considerando também o seguimento das diretrizes, prioridades e
emergências pastorais indicadas no atual Plano Arquidiocesano de Pastoral.
A esse respeito, o Papa Bento XVI afirma: “A unidade dos discípulos do Senhor é
indicação indispensável para que a ação evangelizadora seja fecunda e credível”. Não
compreendo um presbítero distante ou isolado do presbitério. Não somos padres para
nós mesmos. Pertencemos a uma Igreja e a um presbitério, e o nosso ministério está
em função do serviço que prestamos a Deus e ao seu povo. Ao clero desta Igreja de Natal quero dedicar o meu zelo e atenção paternal, sobretudo, aos mais idosos que
dedicaram suas vidas com fidelidade e amor ao serviço da Igreja e do povo de Deus.
Interpretando e sentindo a realidade do tempo presente e suas repercussões na
vida da Igreja, valorizemos o diálogo e o respeito às diferenças, o acolhimento e
respeito às novas comunidades e movimentos, às quais acolho com estima e
esperança de que preservarão sempre o bem e a unidade da Igreja, na comunhão com
seus pastores. Mesmo diante de uma sociedade de consumo e do bem-estar, diante
das melhorias sociais e econômicas conquistadas, não podemos deixar de apoiar e
favorecer as pastorais sociais, na busca de justiça e de dignidade para os mais
excluídos e marginalizados, pois como dizia Santo Irineu: “A glória de Deus é o homem
vivo”.
Ao povo de Deus, agradeço as orações pela Igreja e pelo novo Arcebispo, pelas
manifestações de acolhimento e de esperança no desejo de colaborar com o seu
pastor, a fim de que o rebanho de Cristo possa se fortalecer. Lembro as palavras de
Santo Agostinho ao se dirigir à assembleia dos fiéis de sua Diocese: “Para vós sou
Bispo, convosco sou cristão. Este nome é causa de alegria e consolação, aquele é
motivo de tremor. Aquele é nome do cargo, este é nome da graça. Aquele é ocasião de
perdição e este de salvação”. Quero, pois, convocar e incentivar todos os fiéis no
comprometimento e engajamento na missão da Igreja na vida civil: na comunhão e
participação nas comunidades paroquiais e nas ações da sociedade civil organizada,
sendo presença de Cristo pelo anúncio do Reino e testemunho do Evangelho. A
Campanha da Fraternidade é a oportunidade que a Igreja oferece para a vivência desta
compromisso, este ano voltada para a problemática tão séria da Saúde Pública.
O tempo forte e especial da Quaresma que estamos iniciando deve ser para
todos nós uma oportunidade e ocasião de crescimento espiritual por meio da vivência
da caridade e do perdão, da justiça e da paz, fazendo-nos afastar do mal e fazer o bem,
vencendo toda tentação e buscando as virtudes.
Recomendo toda a Igreja de Natal aos cuidados maternos de Nossa Senhora da
Apresentação e aos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, chama viva e luminosa da fé que foi
semeada e cresceu esplendorosa nestas terras.
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