domingo, 3 de abril de 2011

Homilia do D. Henrique Soares da Costa – IV Domingo da Quaresma – Ano A

iv-quaresma

1Sm 16,1b.6-7.10-13a
Sl 22
Ef 5,8-14
Jo 9,1-41
O Evangelho de hoje é mais uma belíssima catequese batismal que nos prepara para a santa Páscoa. Não esqueçamos que em muitas paróquias adultos estão terminando seus preparativos para o Batismo.
No Domingo passado, no Evangelho da Samaritana, vimos que Jesus é o Messias que dá a verdadeira água do Espírito Santo, água que jorra para a vida eterna.
Neste hoje, “ao passar, Jesus viu um homem cego de nascença”. Esse homem simboliza os judeus; pode simbolizar também a humanidade toda. Os discípulos, apegados a uma crença popular antiga, tão combatida por Jeremias e Ezequiel, pensavam que o cego estava pagando pelos pecados seus ou dos seus antepassados. É a uma crença errada, semelhante à superstição da reencarnação: “Quem pecou para que nascesse cego: ele ou seus pais?” Não há resposta, não há explicação! Os segredos da vida pertencem a Deus! Se crermos no seu amor, se nos abandonarmos nas suas mãos, a maior dor, o mais inexplicável sofrimento pode ser confortado pela certeza de que Deus está conosco e nos fortalece: “Nem ele nem seus pais pecaram: isso serve para que as obras de Deus se manifestem nele!” Até na dor e no sofrimento Deus está presente quando somos abertos à sua presença. Pena que nosso mundo superficial e incrédulo não compreenda isso… Se se abrisse para Jesus, o Inocente crucificado e morto… Na sua luz, contemplamos a luz da vida: “Enquanto estou no mundo, eu sou a luz do mundo!” Mas, o nosso mundo se fecha na sua racionalidade cega e orgulhosa…
Jesus, cospe no chão e faz lama. A saliva, para os judeus, continha o espírito; simboliza, então, como a água, o dom do Espírito. Depois, Jesus ordena: “Vai lavar-te na piscina de Siloé!” É a piscina do Enviado de Deus, do Messias, imagem da piscina do nosso Batismo, na qual somos iluminados pelo Senhor que é luz do mundo! Por isso o homem vai e retorna vendo. Eis o que é o cristão, o discípulo de Cristo: aquele que era cego, foi lavado na piscina batismal e voltou vendo. Porque ele vê, os judeus o expulsam da sinagoga, como o mundo também nos expulsa de sua amizade a apreço! Não somos do mundo, como o Senhor nosso não é do mundo; ele nos separou do mundo! Agora, curado da cegueira, aquele que foi iluminado pode ver Jesus; ver com a fé, ver a realidade mais profunda, ver que ele é o Senhor, Filho de Deus: “’Acreditas no filho do Homem?’ ‘Quem é, Senhor para que eu creia nele?’ Jesus disse: ‘Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo!’” Para isso te curei, para isso fiz-te enxergar! “’Eu creio, Senhor!’ E prostrou-se diante de Jesus!”
Também nós fomos iluminados pelo Cristo no Batismo. Para nós valem as palavras de São Paulo:“Outrora éreis treva, mas agora sois luz no Senhor! Vivei  como filhos da luz! Não vos associeis às obras das trevas!” Eis, caros irmãos: iluminados por Cristo não podemos pensar como o mundo, sentir como o mundo, agir como o mundo! Devemos viver na luz e ser luz para o mundo! Mas, não é fácil; não basta querer! Sem a graça do Senhor, nada conseguiremos, a não ser sermos infiéis! Por isso a necessidade dos exercícios quaresmais; por isso a oração, a penitência e a  caridade fraterna, por isso a necessidade da confissão de nossos pecados! Não nos esqueçamos: não poderemos zombar de Cristo: seremos julgados na sua luz: “Eu vim a este mundo para exercer um julgamento, a fim de que os que não vêem vejam e os que vêem se tornem cegos!” – Eu vim para revelar a luz aos humildes, aos que se abrem à minha Palavra e à minha Presença, e vim revelar a cegueira do mundo confiado na sua própria razão, na prepotência de seus próprios caminhos! Porque este mundo diz que vê, que sabe, que está certo, seu pecado permanece! Somente se abrir-se para a luz do Cristo, caminhará na luz e enxergará de verdade!
E nós, caminhamos na luz ou permanecemos nas trevas? Que o Senhor ilumine a nossa vida. Amém!

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