sexta-feira, 1 de julho de 2011

Papa pede desenvolvimento que concretize "autêntica fraternidade"

Bento XVI: ''A alimentação é uma condição que toca o fundamental direito à vida''. No detalhe, o brasileiro José Graziano, diretor-geral eleito
O Papa Bento XVI recebeu na manhã desta sexta-feira, 1º, os participantes da 37ª Conferência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O encontro aconteceu na Sala Clementina do Palácio Apostólico Vaticano. A audiência já é tradicional e acontece há sessenta anos, desde o aestabelecimento da FAO em Roma.

"É urgente um modelo de desenvolvimento que considere não somente a amplitude econômica das necessidades ou a confiabilidade das estratégias a se perseguir, mas também a dimensão humana de cada iniciativa e seja capaz de realizar uma autêntica fraternidade", disse o Pontífice.


Após renovar o apoio da Santa Sé à meritória e insubstituível atividade da Organização e confirmar o compromisso da Igreja Católica em colaborar com os esforços para responder às reais necessidades de tantos dos irmãos e irmãs em humanidade, o Papa saudou o brasileiro eleito como novo dirigente da FAO.

"Ao diretor-geral eleito, Senhor José Graziano da Silva, ofereço os meus mais sinceros votos de sucesso pela sua obra futura, com o desejo de que a FAO possa sempre mais e melhor responder às expectativas dos seus Estados membros e dar soluções concretas a quantos sofrem por causa da fome e da desnutrição".

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.: NA ÍNTEGRA: Discurso de Bento XVI à FAO


Bento XVI recordou que o atual momento de crise investe todos os aspectos da realidade econômica e social e demanda cada esforço para a eliminação da pobreza, "primeiro passo para libertar da fome milhões de homens, mulheres e crianças que não tem o pão de cada dia".

No entanto, é preciso buscar as causas de tal situação não se limitando aos níveis de produção, demanda de alimentos ou volatilidade de preços, sob o risco de se fazer uma leitura do drama da fome de modo exclusivamente técnico.

"A pobreza, o subdesenvolvimento e, portanto, a fome são com frequência resultado de atitudes egoístas que, partindo do coração do homem, manifestam-se no seu agir social, nas mudanças econômicas, nas condições de mercado, na falta de acesso ao alimento e se traduzem na negação do direito primário de cada pessoa a se nutrir e, portanto, a ser liberta da fome. Como podemos ignorar o fato de que também o alimento tornou-se objeto de especulações e está ligado aos andamentos de um mercado financeiro que, privado de regras certas e pobre de princípios morais, parece atrelado ao objetivo único do lucro? A alimentação é uma condição que toca o fundamental direito à vida", ressaltou.

O Santo Padre destacou que é preciso fazer da solidariedade um critério essencial para toda a ação política e estratégica, "a fim de tornar a atividade internacional e as suas diversas regras instrumentos de efetivo serviço a toda a família humana e, em particular, aos últimos".


Crianças e mulheres

O Papa lembrou que milhões de crianças são as primeiras vítimas da tragédia da fome, "condenadas a uma morte precoce, a um retardo no seu desenvolvimento físico e psíquico ou forçadas a formas de exploração para receber um mínimo de alimento".

Nesse sentido, a atenção às jovens gerações pode ser uma forma de combater o abandono das áreas rurais e do trabalho agrícola, de modo permitir consentir que comunidades inteiras, ameaçadas pela fome, olhem com mais confiança para o futuro.

"Deve-se, de fato, constatar que, não obstante os compromissos assumidos e as consequentes obrigações, a assistência e os auxílios concretos limitam-se frequentemente às emergências, esquecendo-se que uma coerente concepção de desenvolvimento deve ser capaz de planejar um futuro para cada pessoa, família e comunidade, favorecendo os objetivos de longo prazo".

A família rural, nesse contexto, possui um papel central para se alcançar uma estável segurança alimentar.

"De fato, no mundo rural, o tradicional núcleo familiar está empenhado em promover a produção agrícola mediante as sábias transmissões de pais para filhos não somente dos sistemas de cultivo ou da conservação e distribuição de alimentos, mas também modos de vida, princípios educativos, cultura, a religiosidade, a concepção da sacralidade da pessoa em todas as fases de sua existência. A família rural é um modelo não somente de trabalho, mas de vida e de expressão concreta da solidariedade, onde se confirma o papel essencial da mulher".

Por fim, o Bispo de Roma falou que o objetivo da segurança alimentar é uma exigência autenticamente humana. Assegurá-la às gerações presentes e àquelas que virão também significa proteger de uma frenética exploração de recursos naturais.

"Neste momento em que os muitos problemas que afetam a atividade agrícola acompanham novas oportunidades para contribuir no alívio do drama da fome, vós podeis agir para que, através da garantia de uma alimentação adequada aos necessitados, cada pessoa possa crescer segundo a sua verdadeira dimensão de criatura feita à imagem de Deus", finalizou.

Fonte: www.cancaonova.com

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